“Eneida” é um poema épico escrito por Virgílio no século I antes de Cristo, circunscrito em doze livros. O segundo livro é dividido em três partes que podem ser resumidas em (1) construção do cavalo de Troia, (2) destruição da cidade de Troia e (3) fuga de Eneias.
Na parte que trata da construção do cavalo de madeira, popularmente conhecido como o “cavalo de Troia”, conta-se que os chefes guerreiros gregos, com a ajuda da deusa da sabedoria Atena, construíram um cavalo alto como uma montanha, com bojo de tábuas de abeto. Guerreiros dânaos, os de maior valor, esconderam-se nas “entranhas” do cavalo de madeira. Enquanto muitos troianos discutiam se era seguro ou não aceitar o cavalo como presente, um homem chamado Sinão, grego que se apresentara como desertor, conta uma história falsa e convence os troianos a levarem o cavalo de madeira para o centro da cidade de Troia.

O Incêndio de Troia por Nicolas Poussin
Na segunda parte, Sinão liberta os dânaos do cavalo, que iniciam o incêndio em Troia. A sombra de Heitor aparece para Eneias e diz-lhe para fugir de Troia que estava sendo destruída. Príamo veste sua armadura pronto para morrer lutando contra os inimigos de Troia, mas sua esposa Hécuba o faz sentar ao seu lado para morrer. Pólites, um dos filhos de Príamo, fugia de Pirro, filho de Aquiles, que o mata sem piedade. Príamo volta sua indignação contra Pirro, dizendo que nem Aquiles foi tão cruel e permitiu que ele levasse o corpo de seu filho Heitor. Pirro, então, mata Príamo com sua espada.
Na terceira parte, Eneias deseja vingar-se de Helena por iniciar a guerra de Troia, Vênus, porém, o detém, dizendo para encontrar seu filho Ascânio, seu pai Anquises e sua esposa Creúsa. Anquises faz uma prece aos deuses pedindo um sinal caso merecessem piedade; um raio, então, cai sobre o monte Ida, indicando que lá era o lugar para onde deveriam ir. Eneias carrega seu velho pai nas costas, acompanhado de seu filho pequeno Ascânio e de sua esposa Creúsa para fugir de Troia. Creúsa acaba por separar-se do grupo.
Nesse segundo livro, Virgílio utiliza de recurso de estilo de intensidade psicológica, que acaba por abalar o leitor. Aqui estão alguns versos que exemplificam essa intensidade do livro II:
Nisso teimava, prazer encontrando nas suas lembranças.
Da nossa parte, banhados em lágrimas, eu e Creúsa
Com o filho Ascânio e as pessoas de casa pedimos-lhe para
não trabalhar contra nós ou agravar o pesado destino.
Nada o arredava daquilo; no intento primeiro insistia.
Volto a lançar mão das armas, disposto a morrer ali mesmo.
Que mais podia esperar da fereza do Fado tão duro?”