Amor ao próximo, Vendeia, e os tempos modernos

“Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo.” (Mt 5,25-26)

“Tendes ouvido o que foi dito: Amarás o teu próximo e poderás odiar teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis os filhos de vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem assim os próprios publicanos? Se saudais apenas vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não fazem isso também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito.” (Mt, 5,43-48)

No evangelho de São Mateus lemos:

Naquele tempo, um escriba aproximou-se de Jesus e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?” Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes” (Mt 12, 28b-34)

Neste versículo, Nosso Senhor nos ensina que é inverossímil amar a Deus sem amar o próximo. Amor ao próximo consiste em não elidir ninguém da nossa benignidade, orando não puramente pela nossa família, amigos e benfeitores, mas tal-qualmente aos nossos inimigos, e, enquanto isso, não imprecar, odiar, murmurar ou almejar mal a qualquer um.

Bochamps solicita o perdão aos prisioneiros.

Na Guerra da Vendeia, o exército católico foi um exemplo vivo de misericórdia e amor ao próximo. Quando se fazia prisioneiros, eles não eram deixados para morrer, mas eram perdoados e, muitas vezes, salvos de camponeses furiosos, implorando que os perdoassem, por amor de Cristo e sua Igreja. Em contraste, temos o exército revolucionário, que, sob o subterfúgio defesa da liberdade, da igualdade e da fraternidade, perseguiu milhares de inocentes, inclusive padres, crianças, idosos e mulheres. Antes de morrer, Charles de Bonchamps, ex-capitão do regimento da Aquitânia, sabendo que seriam executados cinco mil prisioneiros republicanos, ordenou seu perdão.

Também é notável nos católicos vendeanos a importância que davam à salvação das almas. Isso é perceptível no caso da conversão feita por Marie (1), em que, sabendo de uma senhora à beira da morte que se recusava a receber o padre, decidiu visitá-la e convertê-la. Ao entrar no sótão, descobriu da mesma mulher que, dez anos antes, recusara-se a alimentar o filho moribundo de Geneviéve. Então, por inspiração divina, Marie incentivou-a a confessar-se, pedindo perdão a Deus.

Todos esses exemplos de perdão e amor ao próximo nos fazem refletir sobre os dias atuais. Teríamos a mesma força moral dos católicos vendeanos durante as perseguições e a guerra? Como devemos agir perante os insurrectos contemporâneos, presentes na política, no cinema, na ciência e mesmo na Igreja? Finalmente, como me aletradar para viver santamente, a fim de que me prepare para agir probamente nestes tempos ominosos em que a antirreligião e o relativismo moral são propagados mundialmente, e em que todas as religiões podem e devem ser aceitas e respeitadas, exceto a única lídima?

Eu excogito que deveríamos empeçar educando a nós mesmos, estudando os clássicos, as obras dos grandes autores e a doutrina católica, recuperando a cultura que nos foi negada.

 

Michael Hellmann, 13 anos.

Fonte: Sainte Hermine, Marie de. Vendeia 1793: Uma família de bandidos.

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