Um problema insidioso que há muito tempo tenho percebido até mesmo entre famílias cristãs conscientes na importância de arregaçar as mangas e tomar a frente da educação de seus filhos, é a impregnação inconsciente do vocabulário marxista (comunista), uma estratégia criada, segundo consta, por Antônio Gramsci e profundamente implantada em todas as instituições brasileiras, principalmente no âmbito cultural e educacional: a chamada Revolução Cultural. Vejamos o que diz o filósofo Olavo de Carvalho sobre esse tema:
“Antonio Gramsci, a transformou numa genial estratégia de propaganda revolucionária: já que as coisas não são nada em si mesmas, elas podem ser o que o Partido determine que elas sejam. Consequentemente, não existe conhecimento da verdade, mas “construção coletiva” da única realidade verdadeira: a conquista do poder, a glória final do partido revolucionário.” Olavo de Carvalho (1)
Nosso vocabulário foi, desde há muito tempo, “apropriado” pelos operadores da estratégia Gramscista. Por exemplo, é fato que os grandes dicionários da Língua Portuguesa, hoje, dão maior destaque aos sentidos “ideológicos” e menor prioridade ao sentido etimológico em seus verbetes. Como lidar com esse problema? Abolindo o dicionário? Não. Mas é importante nos tornarmos conscientes da escolha das palavras que escrevemos ou falamos em nosso dia a dia. Principalmente, no momento em que educamos nossos filhos, devemos redobrar a atenção quanto ao vocabulário dos livros que selecionamos para leitura, pelos motivos brilhantemente explicados pelo jornalista e escritor Percival Puggina:
“O marxismo cultural não existiria sem o conhecimento teórico e o domínio do papel estratégico dos símbolos e da linguagem. Por isso, ele cria e difunde expressões que se tornam instrumentos eficientes de intervenção no ambiente sociopolítico. Essas palavras, com o significado que lhes é atribuído, servem, entre outros fins, para danificar a imagem daquilo que os manipuladores da linguagem querem destruir e, também, para apresentar como bom algo que a sociedade habitualmente rejeita.” Percival Puggina (2)
A ameaça representada por essa estratégia é especialmente grave no âmbito da “Literatura”, como pontua Olavo de Carvalho:
“Um dos sinais mais óbvios da autenticidade humana de um movimento político é a sua capacidade de inspirar grandes obras de literatura. Todo movimento revolucionário, no início, tem esse dom, pela simples razão de que há sempre injustiças no mundo e a revolta contra elas é uma tendência natural do coração humano. Os revolucionários apenas se apropriam dela e a utilizam como canal para a conquista do poder. Invariavelmente, tão logo instalados no poder eles multiplicam e reforçam as injustiças em vez de eliminá-las.[…] Se os movimentos revolucionários inspiram ideias e obras de arte enquanto lutam contra um governo estabelecido, tão logo chegam ao poder dedicam-se com empenho e diligência em secar todas as fontes, em reduzir tudo a um deserto mental mil vezes mais seco e estéril do que qualquer ditadura reacionária jamais logrou instaurar.” Olavo de Carvalho (3)
A esterilidade da alta cultura brasileira, tanto na Literatura, quanto nas demais Artes é resultado do emburrecimento promovido pela chamada “Revolução Cultural”.
“A “redemocratização” inaugurou o período da “organização da cultura” segundo os cânones preconizados por Antonio Gramsci: a era da “ocupação de espaços”, do dirigismo cultural, da “hegemonia” na mídia, do terrorismo intelectual comunista nas universidades, da burocratização ditatorial de toda atividade mental superior e do boicote sistemático a toda opinião divergente do oficialismo esquerdista.” Olavo de Carvalho (4)
Especificamente no plano da Educação, toda a geração de “pedagogos” formados no Brasil das últimas décadas foi influenciada pelo vocabulário ideológico esquerdista. Há muitas décadas, o objetivo do sistema educacional não é mais ensinar os novos professores a “educar e instruir” ou “prover conhecimento e verdade” a nossos filhos. A prioridade é “socializá-los”, torná-los “cidadãos ‘conscientes’, isto é, escravos do vocabulário “politicamente correto”. Em resumo, reduzir nossas crianças e jovens a uma massa de manobra para partidos da esquerda. O objetivo é que as crianças desta geração tornem-se os novos defensores do socialismo nas próximas décadas.
Os livros didáticos, assim como a literatura infanto-juvenil, publicados nas últimas três décadas, tanto os escritos originalmente por autores brasileiros, quanto as traduções e adaptações brasileiras de literatura estrangeira, estão impregnados de palavras com sentido ideológico. Veja por exemplo, a ideia de “interpretação de textos” tão louvada nos livros didáticos supostamente dedicados ao ensino de Língua Portuguesa:
“Nas faculdades de letras, a crença de que os textos não têm nenhum significado em si mesmos, de que cada leitor “constrói sua leitura” conforme bem entenda, tornou-se uma cláusula pétrea dos estudos literários. Se o aluno protesta contra alguma interpretação cretina, alegando “Não foi isso o que o autor quis dizer”, tem um zero garantido. Os autores não dizem nada, meu filho: você é que “constrói” as obras deles. Em educação infantil, a longa hegemonia das doutrinas “construtivistas” de Jean Piaget, Emilia Ferrero, Paulo Freire e tutti quanti consagrou a estupidificação geral da meninada como uma grande realização pedagógica: não se espante quando seu filho voltar da escola seguro de que o teorema de Pitágoras é uma imposição cultural arbitrária, de que Jesus Cristo era gay ou de que existem campos de concentração em Israel. Afinal, a realidade é pura construção.” – Olavo de Carvalho (5)
Não, não devemos “interpretar” o que o autor “quis dizer”. ”Interpretar”, no sentido da Revolução Cultural, é distorcer o real significado do que foi realmente dito! O bom escritor encontra as palavras certas para dizer exatamente o que quer dizer. Por isso, nós, como mães educadoras, não devemos ensinar nossos filhos a “interpretar” a verdade: devemos trocar esse exercício pelo “entendimento do texto”, ou seja, o entendimento de cada palavra escrita na frase, em vez de tentar alterar o sentido para seguir a uma conveniência ideológica. Temos também, por obrigação moral, ensinar nossos filhos a observar e descrever a realidade como ela realmente é, em vez ocultá-la por trás de frases feitas e slogans ideológicos.
Sim, é preciso fazer uma limpeza mental diária e contínua. É um exercício árduo, mas extremamente necessário para preservar a nossa integridade moral e intelectual, bem como a de nossos filhos.
Atrevo-me a ir mais longe: é preciso, numa segunda etapa, aprender a criar o nosso próprio vocabulário! Por exemplo, podemos começar com providências simples, como trocar as palavras impostas pela propaganda ideológica esquerdista por palavras que realmente descrevem a realidade. Por exemplo, expressões como “socializar”, “trabalhar conceitos”, “diversidades”, “atividades lúdicas”, “desconstruir”, “interpretar”, “cidadão consciente”, “senso comum” e “coletividade”, entre tantas outras, devem ser continuamente evitadas em nossos diálogos ou textos. Uma etapa importante desse processo é compreender que o sentido que os ideólogos da esquerda querem dar a cada palavra não necessariamente corresponde a seu sentido etimológico.
Veja a seguir três exemplos de palavras muito frequentes nas discussões sobre educação infantil e como podemos substituí-las por um vocabulário próprio:
- Troque “socializar” por “conviver”, privilegiando uma convivência moral e cristã com as pessoas próximas a nós.
- Substitua “trabalhar conceitos” por “exercitar habilidades”, instruir, educar.
- Em vez de “atividades lúdicas” diga “ensinar de forma divertida”, com leveza e harmonia.
Além do vocabulário, os “ideólogos da esquerda” também se dedicaram avidamente a deturpar os fatos históricos, cometendo o descalabro de “reinventar” a História nos livros didáticos. Mesmo sendo fato comprovado e documentado que o comunismo massacrou e assassinou mais de cem milhões de pessoas, não há uma única menção sobre este fato nos livros de História aprovados pelo MEC. Muito pelo contrário, tiranos sanguinários e ditadores são louvados como grandes “salvadores” do povo. O fato de excluírem a ideia de “linha do tempo histórico”, omitindo informações históricas e culturais importantes como a História de Roma e da Grécia antigas, bem como toda a História do Cristianismo, já comprova a intenção pérfida de destruir a moralidade, os fundamentos da cultura ocidental e principalmente, enfraquecer a família cristã, principal obstáculo para a vitória da “Hegemonia Esquerdista”.
Compartilho a seguir, um vídeo essencial sobre “Revolução marxista na nova base curricular aprovada pelo Ministério da Educação”, pelo Padre Paulo Ricardo:
Para que você possa entender um pouco mais sobre a distorção ideológica no sentido dado a diversas palavras da Língua Portuguesa, recomendo a seguir dois artigos essenciais:
http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/7020-gramsci-e-as-palavras-senha.html
http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/13272-pequeno-dicionario-gramscista.html
Finalmente, para completar sua compreensão sobre o perigo da “Revolução Cultural” promovido há décadas pela Esquerda, indicamos a leitura do livro “A Nova Era e a Revolução Cultural” de Olavo de Carvalho:
Fontes:
(1) e (5) http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/10674-arredondando-os-quadrados.html
(2) http://www.midiasemmascara.org/artigos/movimento-revolucionario/16190-ocidente-terrorismo-e-marxismo-cultural.html
(3) (4) http://www.midiasemmascara.org/artigos/cultura/16143-2015-10-22-22-49-22.html