Para uma família educadora, um dos pontos altos da semana é o momento em que chegam a nosso lar os livros recém-adquiridos.
Posterguei a leitura da obra “A Divina Comédia” até que meu entendimento estivesse maduro para absorvê-la. Já se passaram quinze anos desde a última vez que tentei lê-la… Terei ao ponto ideal de maturidade para fazê-lo agora? Não saberia dizer com certeza, mas posso afirmar que a distância diminuiu o bastante para recuperar a coragem de navegar por essas águas literárias.
O último exemplar que tínhamos em nossa biblioteca familiar perdeu-se em uma de nossas mudanças de residência.
Escolhi essa edição não pelo design “pós-moderno”, que não faz jus à beleza e à grandeza desta obra medieval! Em meu julgamento, ela merecia, sem dúvida, uma capa mais digna. Mas o fator decisivo foi a belíssima tradução de Xavier Pinheiro, que me parece, metricamente, a mais perfeita em Língua Portuguesa.
Iniciei a leitura pela introdução de Otto Maria Carpeaux: é muito interessante o modo como relata suas impressões ao ler Dante, sua experiência percorrendo as ruas de Florença… Carpeaux nos instiga a embarcar, assim como ele, nesta aventura. Ao término do prefácio, procedi a uma apreciação de obras de diferentes artistas que ilustraram algumas passagens da Divina Comédia.
A pintura a seguir, a mesma que ilustra a capa do livro, que retrata Dante olhando em direção ao Purgatório, é do artista Agnolo Bronzino (1530):
Já esta outra, que retrata Dante e Beatriz no paraíso entre os santos e sábios, é do pintor Philipp Veit (1793–1877):
O exemplar da Divina Comédia conhecido como “Dante Urbinato ”, foi feito especialmente para a biblioteca de Federico da Montefeltro. O manuscrito é uma obra-prima escrita em pergaminho muito fino com as mais extraordinárias ilustrações em miniatura.
“O frontispício do Paraíso parece uma estrutura arquitetônica complexa e ao mesmo tempo leve, quase como um arco triunfal que assume uma leveza extraordinária não só pela presença constante de ‘putti’, mas sobretudo porque de seu arco se vê o azul de o céu, com alguns signos do zodíaco, iluminado pelo sol e pela presença de Dante e Beatrice.”
O meu exemplar não apresenta os detalhes em cores vibrantes deste códice antigo, mas traz algumas ilustrações a nanquim de Gustave Doré.
E você, mãe educadora, também quer embarcar e acompanhar-me nesta jornada literária?
Referência Cultural:
Putti = Putti é a forma plural de putto (do latim putus ou do italiano puttus, quer dizer: menino), um termo que, no campo das artes, refere-se a pinturas ou esculturas de um menino gordinho e nu, representado às vezes com asas, derivando da figura mitológica grega do cupido jovem, símbolo do amor e da pureza.
Fontes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Divina_Com%C3%A9dia#/media/Ficheiro:Dante03.jpg
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Philipp_Veit_005.jpg
https://www.danteurbinate.it
https://www.foliamagazine.it/viaggio-nel-dante-urbinate-paradiso-canto-i-dante-e-beatrice/