Meus filhos mais velhos (17 e 14 anos) dedicam cerca de trinta horas semanais para o estudo formal, incluindo disciplinas e habilidades específicas para o domínio do idioma pátrio com o Programa de Composição Clássica, estudo do Latim, introdução ao Grego, Inglês, Espanhol, Ciências, Matemática, Geografia, História e Lógica Clássica. O caçula, que este mês completa 7 anos de idade, dedica cerca de 15 horas semanais para o estudo do mesmo conjunto de disciplinas, mas com conteúdo e habilidades apropriados à Fase Gramatical.
Um fator interessante é a competitividade saudável do caçula ao observar os mais irmãos mais velhos imersos na rotina intelectual. De forma espontânea, constantemente pede para participar das aulas de Latim e Grego em família, mesmo que o conteúdo seja mais adequado a uma idade mais avançada. Ele não só tem demonstrado interesse, como capacidade de assimilar vocabulário, de identificar o alfabeto grego e seus fonemas e de entendimento da leitura em voz alta de histórias em Latim. Ele ainda não assimila os detalhes da Gramática Latina, mas se sente confortável em traduzir o que entendeu do contexto para o Português. O mesmo se dá na atividade esportiva: ao observar seus irmãos na prática do Jiu-jítsu Brasileiro (BJJ), também demonstrou interesse pela modalidade esportiva.
Além dessas atividades, Martin faz alguns estudos independentes (1) Catecismo e Doutrina da Igreja e (2) Leituras Extras. Michael e eu temos gostos semelhantes para o estudo de Filosofia e Literatura Clássica. Selecionamos algumas horas no final de semana para nos aprimorarmos nesses assuntos. Entre julho e agosto, participamos do “Curso de Introdução à Educação Liberal pelo Método Socrático” ministrado por Jean Guerreiro e Timóteo Kuhn, em que estudamos textos sobre Geometria, Teologia, Literatura, Ciências Naturais, Gramática e Filosofia. Essa foi uma experiência muito positiva que esperamos repetir em breve.
Em paralelo a essa atividade intelectual, continuamos os estudos da obra “A República”, de Platão, acompanhando as explicações do Padre Camargo fornecidas em um curso específico em vídeo-aulas desta obra.
Iniciamos, nesta última semana, a leitura da obra “Consolação da Filosofia”, de Boécio.
Depois desta longa trajetória, desde que iniciamos em 2013 os estudos familiares, é gratificante perceber o quanto se tornaram para nós mais acessíveis e compreensíveis os textos filosóficos.
É comum que o caçula esteja próximo, no mesmo ambiente, enquanto conversamos, Michael e eu, sobre nossas percepções oriundas desses estudos. Mesmo brincando, desenhando, ele costuma fazer perguntas sobre o assunto, como por exemplo: “O que é Justiça? O que é Virtude?” As respostas a essas indagações não são simples de definir; na verdade tem sido objeto de estudos dos maiores filósofos ao longo dos séculos. O notável é a capacidade que Raphael tem em identificar o ponto principal do assunto discutido, seja durante as refeições, seja durante nossos colóquios habituais durante os estudos.
O convívio bem estruturado, imerso numa rotina em que prevalece a formação integral das virtudes, do intelecto e do corpo, faz com que a criança naturalmente progrida e busque desenvolvimento dessas atividades.