A escola que o Martin tem frequentado desde os 4 anos de idade diz adotar o método fonético de alfabetização, tendo expressamente proibido os pais de induzir as crianças a conhecer o tradicional método silábico, justificando que isso iria “atrapalhar o aprendizado” das crianças.
Na época em que recebi essa instrução, devido à minha total inexperiência com a educação infantil e, também, à tenra idade de meu filho, segui a orientação da escola e dos professores.
Entre os 4 e 5 anos, a escola não solicitava um material didático específico, as atividades na sala eram muito lúdicas, as crianças ficavam à vontade. Nessa fase, a escola não era, na verdade, mais do que uma grande recreação. Comecei a perceber a dificuldade do Martin em aprender por esse método, apenas no final do ano passado.
Foi então, que arregacei as mangas e procurei maneiras de ajudá-lo a desenvolver seu aprendizado. Frequentemente, o Martin voltava da escola desanimado por não conseguir entender o que a professora explicava. Já em casa, quando eu explicava a matéria do meu jeito, acrescentando, às explicações orais, analogias e esquemas visuais, ele dizia: “Mamãe você deveria ser a minha professora“.
Paralelamente às aulas de reforço em casa, segui a recomendação de minha irmã e, em janeiro deste ano, o Martin iniciou o método Kumon de ensino. Em apenas 30 dias ele já conseguia ler, escrever e realizava grande parte das tarefas de casa sem auxílio.
Foi então que percebi que o Martin era muito mais visual e tátil do que auditivo. As crianças aprendem de formas diferentes: algumas são mais visuais, outras mais auditivas, outras ainda aprendem com mais facilidade fazendo, colocando a mão na massa.
Eu tenho dois filhos, ambos são bastante diferentes e aprendem de formas diferentes. O Michael (4 anos) gosta mais de música, adora que eu leia para ele livros em voz alta. Já o Martin é bastante observador, gosta de ver filmes, desenhar, brincar com as mãos, sempre tem algum boneco ou objeto em suas mãos. Não demonstra interesse por música. Ele também tem uma maior dificuldade em memorizar instruções verbais com várias tarefas. Por esses e outros motivos, decidi procurar um especialista.Após uma bateria de testes, descobrimos que um dos principais motivos para a dificuldade apresentada pelo Martin em memorizar longas explicações verbais e para o seu aparente desinteresse por música estava relacionado a uma alteração apresentada em sua “memória auditiva de curto prazo“.
A primeira boa notícia é que é existe tratamento específico para casos como esse. A segunda boa notícia é que meu instinto maternal, meu impulso de arregaçar as mangas para ajudá-lo com explicações mais visuais, estava realmente no caminho certo.
Segundo a médica que nos atendeu, o diagnóstico de alteração no processamento de memória auditiva de curto prazo é recente. Antigamente as crianças que apresentavam este problema eram acusadas de “viverem no mundo da lua” ou de serem “desatentas”.
Acredito também que o fato da escola ter expressamente proibido o método silábico prejudicou o aprendizado do meu filho e seu aproveitamento escolar durante seus primeiros dois anos do ensino fundamental. As escolas ficam tão focadas no fetiche dos “novos métodos de ensino” que não priorizam o essencial, ou seja, o resultado. Esquecem que o método é só um meio para se chegar a um resultado: quando o método não funciona, deve-se procurar outros meios para conseguir o resultado desejado.
O importante neste momento é projetar o melhor caminho que auxilie meus filhos no contínuo aprendizado, no interesse e na valorização do conhecimento, e acima de tudo em fortalecer a autoconfiança e valores éticos e morais.
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