No quinto capítulo os Harvey e Laurie descrevem a importância do domínio do idioma pátrio, o risco que corremos ao permitir que nosso vocabulário seja usurpado pelos ideólogos socialistas, as vantagens do estudo das línguas clássicas e finalmente qual é o modo mais efetivo para estudá-las.
Sobre a importância do domínio do idioma pátrio os autores nos lembram que “Todo o conhecimento e a cultura são transmitidas através da linguagem.” Por isso o domínio do próprio idioma é essencial para o aprendizado em qualquer assunto.
“A influência da língua pode ser sutil, mas poderosa. Para alterar com sucesso a cultura, é preciso alterar o idioma – é preciso mudar as palavras que as pessoas usam, e os significados atribuídos a essas palavras.” Bluedorn
Os ideólogos socialistas sabiam perfeitamente disso e por isso apropriaram-se das palavras que usamos no cotidiano, atribuindo pouco a pouco novos significados. O “politicamente correto” é fruto desta distorção. O ênfase tão idealizado “do multiculturalismo”, assim como a apropriação da linguagem têm o objetivo de destruir pouco a pouco a cultura da nação, criando uma sociedade culturalmente desorientada e intelectualmente castrada. E isso aconteceu no Brasil a larga escala e está em contínuo avanço nos Estados Unidos.
Os autores relatam que no ano de 1997 em viagem a Califórnia, entraram numa livraria e indagaram ao atendente sobre a seção de línguas:
“Ele disse que esta tornou-se a seção mais popular da Biblioteca. As pessoas envolvidas em bruxaria e ocultismo querem ler sua literatura em suas línguas originais. Este foi um comentário revelador: As pessoas envolvidas no ocultismo entendiam o poder do estudo de sua literatura nas línguas originais, e nós, cristãos nos contentamos com a última tradução da Bíblia em vez de buscar lê-la no original.
Esse fato, foi um marco decisivo para a família Bluedorn rever suas prioridades no aprendizado de idiomas clássicos.
Mas, qual a vantagem de estudar outros idiomas? Que objetivos devemos traçar?
Os autores nos incitam a aprender novos idiomas, mas não no sentido de um ideal “multiculturalista”, e sim com o objetivo inicial de dominar a gramática de nosso idioma nativo.
Desta forma, devemos nos perguntar o vocabulário da Língua Portuguesa se origina de quais línguas antigas? A resposta para essa questão é: grande parte do Latim e do Grego. Há ainda alguns resquícios do Árabe devido a colonização portuguesa ao longo da África. No Brasil temos ainda influência do Tupi e Guarani. No sentido etimológico, Latim e Grego são necessários para a compreensão aprofundada da etimologia da Língua Portuguesa. Já, no que se refere a estrutura gramatical de nosso idioma pátrio, o estudo da Gramática Latina é, sem dúvida, essencial.
Os autores citam diversos argumentos para o estudo das línguas clássicas, para o Grego destacam o seu valor cultural e um grande fortalecimento de nossa “disciplina mental”. Outra vantagem apontada pelos autores é que o Novo Testamento foi escrito originalmente em Grego e mais tarde traduzido para o Latim (Vulgata), conhecer um documento histórico no original é sempre valioso.
Já para o estudo do Hebraico (que é mais parecido com o Grego do que com o Latim), os autores lembram que a história do povo hebreu faz parte de nossa herança cristã. O velho testamento originalmente foi escrito em Hebraico.
O Latim é a base do nosso idioma e estudá-lo ampliará nossa compreensão de outras línguas estrangeiras de origem românica (Francês, Espanhol, Italiano, Romeno). O Latim está intimamente ligado a cultura da civilização ocidental, aprendendo Latim podemos estudar as orações, entender partes da missa, a história de Roma, textos originais de literatura, filosofia e teologia. Outra vantagem essencial do Latim é que os nomes técnicos e científicos, assim como muitos termos médicos, são latinos.
Acredito que o estudo do Latim e Grego são fundamentais para o domínio da Língua Portuguesa. Dentre estas duas línguas clássicas, principalmente pelo fato de nossas regras gramaticais se originarem da Gramática Latina, considero o Latim a língua clássica mais importante, seguida então do Grego.
Quanto ao argumento especifico de poder ler a Bíblia no original (Hebraico e Grego) citado pelos autores, acredito que seria uma experiência interessante, desde que pensemos na Bíblia como um documento histórico. Quando lemos a Bíblia como forma de conhecer a nossa herança cristã, os ensinamentos proféticos, os acontecimentos históricos termos poucas chances de errar no entendimento da leitura. Pessoalmente, evito “interpretar” os versículos da Bíblia, até porque é algo além de minha capacidade intelectual, prefiro então estudar as reflexões dos grandes doutores da Igreja como São Tomás de Aquino e Santo Agostinho.
Os autores apontam ainda que para aprendemos de forma eficiente uma nova língua temos três níveis de aprofundamento. O primeiro nível é a capacidade lexical, ou seja adquirir conhecimento básico do vocabulário do idioma pretendido, assim como aprender a sua correta pronúncia. O segundo nível trata do entendimento das regras gramaticais e da estrutura da linguagem. Um terceiro nível é a compreensão fluentemente o idioma, desenvolvendo sabedoria e confiança para leitura e tradução de textos originais.
Em nosso plano familiar de estudos de Latim pretendemos desenvolver os dois primeiros níveis. O terceiro nível, caso alcancemos, seria uma gratificação. Para o grego ficaríamos felizes em conquistar o primeiro nível de capacidade lexical.
O Hebraico não está em nossas metas de estudos. Outro idioma que pretendemos aprender em profundidade, conquistando estes três níveis de aprendizado é o idioma da Língua Inglesa. Acreditamos que o estudo do Latim nos ajudará a ter uma disciplina mental para os estudos de outros idiomas modernos.
Sobre o modo de estudar cada língua clássica, os autores são enfáticos sobre a vantagem do modo dedutivo sobre o método indutivo (natural). Apontam ainda uma terceira abordagem chamada “interativa programada” que abarcaria os dois métodos, com mais ênfase para o primeiro.
Nós, particularmente, usamos o material da Memória Press: Prima Latina para o nível 1 e para o início do desenvolvimento do nível 2 o Latina Christiana nos primeiros anos. E seguimos agora com o curso de Gramática Latina de Napoleão Mendes de Almeida para dominar o segundo nível e quem sabe obter alguns frutos para o terceiro nível de aprendizado em Latim. Já para o Grego, ainda não temos um material definido.
Índice de artigos desta série:
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