Notas de estudo da obra “Ensinando o Trivium” de Harvey e Laurie Bluedorn (parte 4)

O Trivium como concebido na Idade Média são as três primeiras Artes Liberais: Gramática, Lógica/Dialética e Retórica. Neste sentido, o Trivium são os “Três Caminhos”, ferramentas ou habilidades essenciais para o aprendizado.

Em 1947, Dorothy Sayers em seu ensaio intitulado “As ferramentas perdidas da aprendizagem” enfatiza os problemas da educação moderna e de como esta educação afetou o ocidente culturalmente, deixando-nos intelectualmente impotentes. Sayers conclui que nós perdemos as ferramentas para pensar e aprender por nós mesmos e que a solução era resgatar a Educação Clássica como era aplicada na Idade Média.

Acredtio, que por uma necessidade de adaptação a educação moderna, Sayers em sua proposta inclui a ideia de “Fases de Aprendizado”, as quais ela nomeou : Fase Gramatical, Fase Lógica e Fase Retórica. É preciso enfatizar que as fases não são as artes formais do Trivium, neste sentido, podemos dizer que esta nomenclatura é falha e pode sugerir uma ideia equivocada. De um lado temos as “Fases” e do outro as Artes Formais (Gramática, Lógica e Retórica).

Neste sentido, Harvey e Laurie apresentam uma proposta mais coerente de nomenclatura dessas “Fases de Aprendizagem”. Os autores argumentam que se observarmos com atenção a Bíblia e principalmente, o livro dos Provérbios é possível encontrar de forma análoga os mesmos princípios do Trivium: Conhecimento, Entendimento e Sabedoria.

O Conhecimento (fase Gramatical) é a fase em que geralmente acumulamos fatos e informações. O Entendimento (fase Lógica) é a fase em que começamos a entender e relacionar esses fatos e informações. A sabedoria (fase Retórica) é a fase em que temos a capacidade de colocar em prática, expressar e até ensinar o que sabemos.

Os autores apontam também diversos problemas na educação moderna que dificultam o aprendizado:

A educação formal começa muito cedo, antes da criança ter capacidade para o entendimento;
As crianças são retiradas da segurança do ambiente familiar de forma prematura enfraquecendo o laço família e a deixando a mercê do estado socialista;
A educação moderna interrompe a progressão natural do aprendizado;
A educação moderna “baseada em resultados” deixa o aluno dependente de um instrutor e fórmulas prontas.

Com base nesta apresentação inicial, de que forma poderemos aplicar o Trivium com nossos filhos?

Nos primeiros anos de vida as crianças desenvolvem de forma simultânea as três habilidades do Trivium. A que mais se destaca, inicialmente é a habilidade Gramatical na fase do Conhecimento. Quando a criança alcança os 10 anos outra habilidade se desenvolve de forma mais concreta: a habilidade lógica, na Fase do Entendimento e é neste período que as conexões entre informações ficam mais claras. O momento que as elas conseguem raciocinar de forma mais clara. Próximo aos 14 anos a criança já estará madura para expressar de forma coerente tudo o que aprendeu na Fase da Sabedoria.

É justamente neste nível que nós podemos ensinar as habilidades de julgamento, compreensão e desenvolvimento de ideias mais aprofundadas, é nesta fase que os de valores filosóficos devem ser ensinados.

É importante lembrar, segundo os autores, que essas habilidades não são fechadas em “compartimentos”, elas estão sempre interligadas durante todo o processo aprendizado do Trivium. O que acontece é uma ordem natural de amadurecimento de cada habilidade: primeiro o conhecimento, depois o entendimento para então chegarmos a sabedoria.

Eu, particularmente, não fui exposta antes em minha vida a nenhum elemento da educação clássica. Portanto, sei que a “Educação Clássica” que ofereço a meus filhos não é perfeita, mas rezo para que, fazendo o melhor que puder agora, eles possam fazer muito melhor para com meus netos. Por isso, meu dever como mãe educadora é continuar enriquecendo minha formação cultural e intelectual. Sim, acredito que a Educação Clássica é o melhor caminho a seguir, neste momento, em nossas vidas.

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gessica

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