Em 2017 o grupo de estudos “Vias Clássicas” o qual administro e faço parte, dedicou-se aos estudos de algumas obras sobre Educação Clássica Cristã. O objetivo deste grupo é a formação intelectual de mães educadoras católicas que adotam os princípios da Educação Clássica Cristã.
Trent Gudmundsen, “Terrace Morning”
Na série de artigos intitulados “Notas de estudos da obra ‘Ensinando o Trivium’” compartilharei algumas reflexões pessoais refente aos estudos deste livro.
Eu gosto particularmente da ideia de “que estamos recuperando” algo que havíamos perdido. Tanto no sentido bíblico, como indicado pelos autores, bem como no sentido histórico das “Sete Artes Liberais” criadas pelos doutores da Igreja na Idade Média, uma herança que, em meados da Idade Moderna, desapareceu do contexto educacional.
Os autores destacam a importância de adicionar os pesos corretos ao que realmente tem um valor verdadeiramente “Clássico e Cristão”.
Isto lembrou-me de São Tomás de Aquino, que reconhecia a importância da eficiência em muitos aspectos da forma como os gregos e romanos eram educados na Antiguidade. Ao contrário dos cristãos primitivos, ele não repudiava todo o conhecimento desses povos, pois muitas verdades universais haviam se consolidado desde aquela época. Pensadores, filósofos, matemáticos e gramáticos valorosos produziram grandes frutos. Este pensamento fez São Tomás de Aquino e outros educadores cristãos (antes e depois dele) recuperarem a forma da Educação Clássica, direcionando o aprendizado para valores e princípios cristãos na busca da Verdade, da Bondade e da Beleza onde Deus se faz presente. Deste esforço grandioso resultou a criação das Sete Artes Liberais – Trivium e Quadrivium – cujo objetivo era preparar o estudante cristão para melhor compreender a própria Teologia e aproximar-se da Verdade (Cristo). Após o Trivium e o Quadrivium os alunos estariam preparados para o estudo do Direito, da Medicina ou da Teologia.
Na sociedade brasileira, assim como em grande parte do mundo ocidental, em que os valores de “Ser Família” estão cada vez mais deturpados, é prioritária a consciência de nossa função de educar e fortalecer nossos filhos nos valores cristãos.
É fundamental a recuperação do papel da família como uma instituição que protege, educa e influência seus descendentes, cujos membros conhecem em profundidade a sua própria história e origem, aprendendo a honrar o nome que receberam. Cada vez mais, acredito que esta “recuperação” é possível através do movimento de famílias que buscam para si a função de educar seus filhos em vez de delegá-la a terceiros.
Segundo os autores, os pais escolhem o modelo clássico por motivos diferentes. Alguns, porque a Educação Clássica Cristã permite “uma melhora significativa no desempenho acadêmico, derivado de um sincero desejo de ver seus filhos se sobressaírem intelectualmente para a glória de Deus”. Outros, porque, ao seguir um modelo de educação clássica, a criança vem a “dominar as ferramentas básicas de aprendizagem, formando assim alunos autodidatas”. Ainda outro motivo apontado pelos autores é o fato de que os optantes pelo estilo clássico são mais bem sucedidos em sua formação, pois são ensinados a lidar com a “realidade das coisas”.
Acredito que a forma de sintetizar os diferentes motivos apresentados pelos autores para a opção do modelo clássico é sem dúvida, que este modelo proporciona ao indivíduo as ferramentas essenciais ao desenvolvimento completo da inteligência, melhor preparando nossos filhos para servir a Deus e entender a realidade que os cerca.
Por que nossa família optou pela Educação Clássica Cristã?
Nosso objetivo ao educar nossos filhos através do modelo Clássico é, sem dúvida, proporcionar a eles ferramentas para que possam crescer intelectualmente, tornando-se homens virtuosos, com fé em Deus e muito amor em seus corações. Para tanto, cada obra de arte, peça musical ou texto selecionado para nossos estudos devem refletir ao menos uma das três virtudes: Verdade, Bondade e Beleza. Como pais e educadores, rezamos todos os dias para tornar-nos exemplos dignos de ser seguidos.
Índice de artigos desta série:
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudos-da-obra-ensinando-o-trivium-parte-1/
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudo-da-obra-ensinando-o-trivium-de-harvey-e-laurie-bluedorn-parte-2/
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudo-da-obra-ensinando-o-trivium-de-harvey-e-laurie-bluedorn-parte-3/
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudo-da-obra-ensinando-o-trivium-de-harvey-e-laurie-bluedorn-parte-4/
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudo-da-obra-ensinando-o-trivium-de-harvey-e-laurie-bluedorn-parte-5
- https://vias-classicas.com/blog/notas-de-estudo-da-obra-ensinando-o-trivium-de-harvey-e-laurie-bluedorn-parte-6
