Meu filho Martin, 15, é um menino amável, generoso e com altos padrões morais. Sempre atento aos acontecimentos que ocorrem em nossa sociedade, expressa seus sentimentos e valores morais compondo fábulas.
Um cordeiro e um boi jornadeavam juntos na alameda. Depois de tanto andar, acabaram por perder-se, e chegaram a uma encruzilhada, abrindo-se dois caminhos diante de si: um para a esquerda e outro para a direita.
O cordeiro encaminhou-se para a direita, enquanto o animal bovino andou para o lado oposto.
— Espere! – disse o anho — esse caminho vai em direção ao território dos lobos!
— Cala-te criatura sem Fé — respondeu o boi — a nada devo temer pois Deus está comigo e possuo a proteção do meu Santo Anjo da Guarda. Está escrito, caso não possua conhecimento: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; eles te protegerão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (SL 90, 11 s).
—Mas — respondeu o borrego — não podes esquecer…
— Silêncio! — disse o boi batendo no chão com a pata dianteira — Deus salvar-me-á, pois tenho Fé. Lobo algum me devorará.
O boi foi para a esquerda de ouvidos fechados ao cordeirinho. Inculpava de descrente o agno e estava mais do que certo de que os Anjos e os Santos protegeriam-no em seu caminho.
Sem tomar precauções como fazer silêncio para não atrair o foco das feras caninas e manter-se o máximo afastado possível do faro da alcateia, acabou por ser encontrado e devorado pelos sanguinários lobos.
O agno ouviu os terríveis gritos de dor do boi.
— Pobre e fideísta boi — exclamou o carneirinho — se não fosse tolo e tivesse escutado até o fim as palavras, recordar-se-ia de que também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6, 16).