O capítulo primeiro, dividido em treze subcapítulos, da obra “Formação da cidade Cristã”, do professor Rúben Calderón Bouchet, trata da relação entre a Igreja e o Estado na época dos mártires. No primeiro subcapítulo, o historiador expõe o problema do “judeu-cristianismo”, onde se discutia se era impreterível ao Cristão manter os ritos mosaicos, principalmente aqueles relativos ao “sabbath” e à “circuncisão”. De acordo com o autor, essa altercação causou extrema divisão na Igreja, levando São Paulo a apresentar a questão ao Colégio Apostólico, para que ali fosse definida uma solução para resguardar a unidade da Igreja. Uma minoria, liderada por São Tiago, defendia que os ritos judaicos deviam ser salvaguardados, enquanto a maioria dos apóstolos, entendiam que apenas os ritos essenciais ao Cristianismo deveriam ser preservados, para que os convertidos realmente compreendessem que se tratava da Verdadeira Religião fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo.
No segundo subcapítulo, o autor explica como os “judeus-cristãos” não se interessavam por política, e não estremavam o poder legal romano, pois acreditavam que a Segunda Vinda de Cristo era propínqua, e o Estado, de acordo com eles, sendo apenas um meio de ordenar a vida dos homens na Terra, não assenhoreava uma jurisdição genuína
No terceiro subcapítulo, Rúben Calderón Bouchet discute a legitimidade do predomínio temporal do Estado e suas limitações, baseando-se nas cartas grafadas por dois bispos ulteriores aos apóstolos: São Clemente Romano e Santo Inácio de Antioquia. O autor defende que a preminência do Estado é real, e a ele devemos nos obtemperar em favor de uma organização legal de nossa vida no mundo. Entretanto, segundo o professor Bouchet, o Estado não deteria jurisdição sobre assuntos relativos à alma, não lhe cabendo interferir nesse tópico.