Trigais

A Alphonsus de Guimaraens

Ó trigais das nuvens castas
Em que cintilam meus amores:
Sua sombra ao solo me devasta
Banha-me os dias em terrores;

Vontade minha que se empasta
Fundindo em cinzas minhas cores:
Meu peito implora e grita um “Basta!
Não mais sonhos sem sabores!”

Mas das castas nuvens os trigais
Que em terrores banham-me o dia
Ignoram altivos os meus ais,

Empastam-me o choro nas cores do solo;
Fundem terrores; com lâmina fria
Retalham a esperança que trago no colo.

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