Quem diria que em tão linda mente habita
O fardo cego dum amor tortuoso,
No sono leve, numa cama sem repouso,
O corpo pálido protruso levita.
Sua e treme, sonâmbula, pobre e aflita
Criatura de Deus, só no calabouço,
Presa da voz distante, eco tenebroso,
De feros rostos numas tardes malditas.
A agulha do barômetro cai, honesta
Indicadora de trovões que se abeiram
Do silêncio das águas claras, emprestam
Drama e cor, ares de tragédia, cimeira
Colisão de sonhos, fantasias crestas,
De tudo, nada resta: só uma caveira.