A pedra e a fenda

Mais pressinto do que entendo
A fenda de tolices
Que cinge a religiosidade
Como resguardo de nociva carolice.
 
Uma e outra aparentadas no temor
de Deus, a primeira é grata refém
Da Bondade Soberana.
Na segunda intuo a ausência desse Amor
Infinito cuja coroa usurpa um supersticioso
Horror a todo Bem.
 
No solo ressequido do coração em pânico
Enraizam-se,
Germinam,
Brotam,
Defluem tortuosas frondes
Embaraçadas de angústias daninhas
E de ódios trepadeiros.
 
Do religioso, sobre a outra face
Da moeda que se dá ao inimigo,
Cumulam-se o
Ouro, a
Prata, as
Pedras inquebráveis,
Sobre quem se funda a nossa Igreja.

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