Jardim de Bárbaros

Febris, os dedos do jardineiro louco
Semeiam hordas, vis, incivilizadas;
O solo rega com sangue sobre os ouros
Rúbio incêndio que perfaz, de tudo, nadas.

Entre sedosas multicolores goivas
Rugem coturnos: eis que lá vêm os godos!
Com beijo fátuo anunciam os sândalos
Outra investida de Genserico Vândalo.

O povo dança; nos cabelos, camélias;
Rendem seus louros aos louros da Suécia.
Buquês, coroas, de alvas margaridas
Enfeitadas, saúdam os teutonidas.

De vida efêmera similar a lírios,
Perece a pátria, ferida de aço sírio.
Canoro fumo d’eflúvias alfazemas
Envolve as velas da frota sarracena.

Segamos vivos ramos de violetas,
Cegamos, frios, às mortes violentas,
Nação defunta; ó aroma dos cravos:
Visão profunda de uma Roma de escravos!

Poemas