Tímidos introversos

Um viva a nós, os tímidos, os introvertidos!
Mas um viva silencioso, discreto, sem espalhafato:
Um viva de olhares de esguelha e meios sorrisos de comissura;
Um viva sem fogos, brindes, aplausos ou gritos;
Um viva de olhar submerso no fundo do copo;
Um viva invisível ouvido no íntimo;
Um viva oculto, tímido, introverso;
Mas, assim mesmo, um viva,
Pois, assim mesmo, bem viva,
Pois, assim mesmo, Deus nos fez
Vida: viva!

Debate eleitoral na TV

Ele mente, tu mentes, eu não minto,
Debate sem debate, que teatro!
Na TV espolinhando-se os helmintos
Cínicos facínoras: candidatos!

Das perfídias e dantescas insídias
Cujos rostos mascaram-se em acrônimos;
As falsídias e andrôminas desídias
No eleitor provocam ânsia de vômito!

Ó destino que se augura ominoso
Aos que escolherem uma entre as raposas
Que os dentes cravarão em nossa carne:

Do poder ilusionista do marketing
Eleitoral, bico doce e voz acre,
Contra seus ardis: eleitores armem-se!

Imn lui Ştefan cel Mare (tradução)

Imn lui Ştefan cel Mare
(Vasile Alecsandri)
Hino a Estêvao, o Grande
(Tradução de Alexei Gonçalves de Oliveira)
La poalele Carpaţilor,
Sub vechiul tău mormânt,
Dormi, erou al românilor,
O! Ştefan, erou sfânt!

Ca sentinele falnice
Carpaţii te păzesc
Şi de sublima-ţi glorie
Cu secolii şoptesc.

Când tremurau popoarele
Sub aprigii păgâni,
Tu le-apărai cu braţele
Vitejilor români.

Cu drag privindu-ţi patria
Şi moartea cu dispreţ,
Măreţ în sânul luptelor,
Şi-n pace-ai fost măreţ.

În cer apune soarele
Stingând razele lui,
Dar într-a noastre suflete
În veci tu nu apui!

Prin negura trecutului,
O! soare-nvingător.
Lumini cu raze splendide,
Prezent şi viitor.

În timpul vitejiilor,
Cuprins de-un sacru dor,
Visai unirea Daciei
Cu-o turmă ş-un păstor;

O! mare umbră-eroică,
Priveşte visul tău:
Uniţi suntem în cugete,
Uniţi în Dumnezeu.

În poalele Carpaţilor,
La vechiul tău mormânt,
Toţi în genunchi, o! Ştefane,
Depunem jurământ:

„Un gând s-avem în numele
Românului popor,
Aprinşi de-amorul gloriei
Ş-al patriei amor!”

Ao sopé dos Cárpatos,
Sob lápide veneranda
Dormita, dos romenos bravos,
Ó! Estevão, viril e santo!

Qual sentinela garbosa
Os Cárpatos montam guarda
Sublime vida gloriosa
Pelos séculos murmurada.

Quando tremia o populacho
Sob a fúria dos pagãos,
Amparaste-o com os braços
Dos guerreiros romãos.

Com amor tua pátria vigiaste
Dando à morte o teu desprezo,
Grande, deste o peito à luta,
Grande, à paz, o teu desvelo.

No céu põe-se o sol
Os seus raios extinguindo,
Porém em nossas almas
Tua presença jamais finda!

Pelas névoas do passado
Ó! Sol nascituro.
Luzindo raio esplêndido,
Sobre o agora e o futuro.

Nos tempos de maior bravor,
Contido por sacra dor,
Visavas uma só Dácia
Só um rebanho, um só pastor;

Ó! Grande sombra heroica,
Contempla o sonho teu:
Unidos somos em pensamento
Unidos somos em Deus.

Ao sopé dos Cárpatos,
À lápide veneranda,
Ó Estêvão, genuflexos,
Depomos, jurando:

“Uma ideia para ter em nome
Do romeno povo,
À luz de amorosa glória
Da pátria serei zeloso!

Father and Child (tradução)

Father and Child
William Butler Yeats
Pai e Filha
(trad. Alexei Gonçalves de Oliveira)
She hears me strike the board and say
That she is under ban
Of all good men and women,
Being mentioned with a man
That has the worst of all bad names;
And thereupon replies
That his hair is beautiful,
Cold as the March wind his eyes.
Ela me ouve golpear a mesa enquanto digo
Que sua pena é ser banida
De todos os justos homens e mulheres
Por mencionar-se junto a um homem cuja vida
Ostenta a pior entre as más famas;
E, a tudo isto, repele:
Que dele os cabelos, tão lindos, e
Quais de março o vento, os olhos dele, gelam-na.

Judiciária

Cara Justiça deâmbula e pávida
Expõe-se nua carne à chuva e ao frio:
Em sangue vivo sua pele pálida
Franqueia as fauces ao que a desafia.

A fina seda que seus olhos vela,
Desprezo rude que mal acoberta
Desinteresse por mortais querelas
Nem elegias teu amor desperta.

Ao clamor dos lares por mais justiça,
Conclama célere os magarefes
De mantos negros em blasfema missa:
Sessão solene do STF!

Poesia & Prosa

Poesia

Agulha fina

Na mão perita

Do poeta

Penetra e

Injeta

Nas frestas

Do crânio

Contemporâneo

Mensagem

Vital.

Já a prosa é um bode tentando abrir caminho a chifradas.

Raphael

“Alhú, Alhú”! – o arcanjinho lamenta
A mãe a luz apaga.
“Áua, áua” – o arcanjinho sedento
O pai dá-lhe a água.

“Caiú, caiú” – o arcanjinho derrama
A mãe pega e ralha.
“Acaá, Acaá” – o ancanjinho conclama
Mano Martin não falha.

“Acaé, Acaé” – o arcanjinho convoca
Michael não se cala.
“Brrrum-brrrum” – o arcanjinho desloca
O carrão pela sala.

“Papai, papai” – o arcanjinho reluz
Papai embala sua dor.
“Mamãe, mamãe” – o arcanjinho seduz
Colhe e entrega-lhe a flor.

“Bambãe, Bambãe” – o arcanjinho sorri
E corre para o banho.
“Mimi, mimi” – o arcanjinho sem manha
Vai para a cama dormir.

O admirado e o curioso

O admirado, naquela tarde,
ao curioso cedeu o passo,
E junto ao ícone, soou alarme,
“Como cometes tamanha graça?”
E nessa noite, vagiu o poeta;
A nota rútila, cantou o músico;
A pátria atônita adulou o atleta;
E o curioso, admirado lúcido,
Calcou no palco o primeiro passo!

(Dedicado a Joselias Souza)

Radical (em queda) livre

Abrolhando de sementes viperinas,
Juventude em flor amara desabrocha:
Franzindo o cenho, intumescendo as narinas,
O que não destróis, sucumbe a teu deboche.

Entoas sério como solene jura
A radicalidade dos áureos tempos!
Render-se aos fatos, retruques ou censuras?
Nunca! Pois julgas domar moral e senso

Sob relho de mundana ideologia,
Castrando as massas, substituindo o povo
Pelos mais profanos absurdos critérios:

Genocidas recebem teus elogios,
Pervertidos exaltas sem dó ou nojo,
Só aos santos diriges teus vitupérios!

Reinaldo Azevedo

A meus alunos tua leitura recomendo
Pela graça e estilo que teu texto ensina –
Pois acima e antes, és um escritor! –
Pela Lógica e Justiça de teus argumentos,
A partir de preferências cristalinas
Facilmente aferíveis pelo teu leitor.

De tuas ideias, não concordo, não discordo –
Não é este o caso! –
Sem valorá-las, reconheço seu valor,
Pois se minha Musa fosse a mesma que te acorda
– da aurora ao ocaso! –
Que tens razão concluiria, indolor.

Poemas