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O Frio, o Quente, o Morno e o Aço

“Mas que dia desprazerosamente frio!”,
Exclama o Duque do Sol Escaldante,
O corpo teso tomado de arrepios,
No alto da Torre do Castelo Flamejante:
“Que seria do mundo sem a carícia
Das brasas celestes que a vida alimenta
Das brisas silvestres que bradam noviças
O poder infinito que os corpos ferventa”.

“Mas que desagradável quentura!”,
Sussurra o Duque do Frio Glacial,
O corpo ressudado em cada comissura,
Nos subterrâneos do Castelo Invernal:
“Ah, que os glaciares redentores
Se desprendessem do frígido Sul,
E refrescassem estes calores,
Devolvendo ao mundo o seu azul!”

“Mas que dia delicioso!”,
Gargalha a Duquesa do Aço,
No corpo um frêmito voluptuoso
Enquanto brada agitando os braços:
“No calor que o metal liquefaz,
Ou no frio que o enrijece,
O Aço secciona a Paz,
E de sangue terei a messe!”

“Eis, enfim, um dia perfeito!”,
Proclama o rei na Sala do Trono,
No majestático direito,
De todos induzir ao Sono:
“Nem quente, nem frio: morno!
Em minhas terras subtropicais!
Governo a todos em meu entorno!
E desta vida nada quero mais!”

E assim se eleva no horizonte
Estrela rubra, fulgurante –
Prepara os remos, ó Caronte:
Pois a guerra chegará num instante!

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