Do Reno lancetam-me cérulas centáureas,
Quentes, lancinantes, lacrimosos olhares
Perfuram profundos, dolorosos, meus mares,
E afogo-me mudo. Deslizo em tuas áureas
E lisas ondas, pétalas raras, que acalmam
O furor meditante da rúbida Antares,
A mão cetrina que compõe cantos a Ares,
O fogo de iras que enrubescem a alma!
Ó flor do meu Reno, ó rosa do meu Tibre!
Nunca evadas teu perfume de minhas margens,
Pois cevado por teu lume, leves aragens
Já encapelam meu fluxo criador, livre
Na prisão voluntária do amor, rei ou pajem,
Tudo mais é delírio, quimera, miragem!