Escrevi a suíte de poemas abaixo em algum momento do final da década de 1980 e passei-o a limpo em 1997. A intenção foi reproduzir o estilo do “Tao Te King”, de Lao Tsé, na tradução de Pedro Tornaghi, para expressar valores e símbolos ocidentais. O comprimento dos versos foi planejado para que, numa diagramação centralizada, sugerisse a forma de ideogramas e, no conjunto, uma grande coluna ornamentada.
OS SETE PILARES DO CAVALEIRO
Liberdade, o supremo bem:
A donzela a ser protegida das violações dos bárbaros.
Amor, o supremo sentimento:
Amor a si mesmo, amor à humanidade,
Amor ao vil e ao virtuoso.
Lealdade, o supremo valor:
Leal aos próprios ideais, à própria palavra,
Leal aos amigos e aos adversários.
Verdade, o supremo compromisso:
Verdadeiro em tudo o que faz, em tudo o que diz,
Verdadeiro em tudo o que sente.
Justiça, o supremo objetivo:
Justo, não poupa o rigor aos amigos,
Justo, não nega misericórdia aos inimigos.
Humildade, a suprema virtude:
Humilde, reconhece os erros e os assume em suas conseqüências,
Humilde, celebra as vitórias sem orgulho.
Honra, a suprema recompensa,
Do cavaleiro que se assentar sobre os sete pilares.
O JURAMENTO DO CAVALEIRO
Liberdade, amor, lealdade,
Verdade, Justiça, Humildade e
Honra, o sétimo dos sete pilares.
Juro defender em meu coração
Com minha própria vida
Em nome de Deus, Todo Poderoso,
Até o fim de meus dias.
LIBERDADE
Livre é o cavaleiro
Porque livre é seu coração.
Livres são todos os que o rodeiam.
A boa luta do cavaleiro é a luta da liberdade.
Não haverá recanto do mundo por mais longínquo
Em que o forte oprima e abuse do fraco
Sem que sangre o coração do cavaleiro.
AMOR
O bom cavaleiro sabe amar
Com pureza no coração.
Ama sem pedir retorno
A todos indistintamente.
Não deixa de lutar a boa luta
Mas não deixa de amar.
O cavaleiro ama porque ama o amor.
LEALDADE
Não há vento, fogo, espada ou vaga
Que faça o cavaleiro recuar de sua palavra.
Não há inimigo que o cavaleiro
Não ouse encarar de frente.
O cavaleiro é leal.
Prefere, antes, a morte inglória
À traição.
VERDADE
O cavaleiro mira-se no espelho
E só vê a verdade de si mesmo.
Verdadeiro, não mente jamais,
Mesmo que a mentira ofereça maior vantagem.
O cavaleiro é transparente, cristalino.
Não há duas palavras, somente uma: a verdadeira.
A verdade é o peso e a medida do cavaleiro.
JUSTIÇA
Porque verdadeiro o cavaleiro é justo.
Pune na proporção das faltas,
Recompensa na proporção do bem realizado.
Em sua Justiça, não vê amigos nem inimigos.
Porém a justiça do cavaleiro não oprime.
Pois a recompensa do justo é a sua Liberdade
E o injusto encarcera-se a si próprio.
HUMILDADE
O cavaleiro não se vangloria: resigna-se à vitória,
Resigna-se à derrota.
Resigna-se ao aprendizado da Justiça,
a Justiça da vitória e a Justiça da derrota.
Humilde, ele derrota o orgulho da vitória.
Humilde, ele vence o amargor da derrota.
O cavaleiro sabe que tudo é transitório.
HONRA
A honra do cavaleiro é a obediência
Aos seis pilares anteriores.
A honra é o sétimo pilar
Sustentado pelos outros seis.
A honra é o pilar que sustenta
A própria existência do cavaleiro.
O cavaleiro é a sua própria honra.