Lira? Que lira?
Minha poesia é uma guitarra elétrica
Distorcida estridente na luz feérica
Dum palco onde tudo reluz e gira
Para deleite da plateia
Que sua as tachas, o couro, o brim,
Punhos cerrados num uivo sem fim,
Ferazes lobos da alcateia
Dos rudes guinchos de pneus no asfalto
Quente do stress urbano
Poluente do devir humano
Ensurdecido por tais sons, tão altos!
Meus versos não cantam: são gritos melódicos,
Trêmulos vibratos no registro grave
Do contrabaixo em ressoante cave,
Reverberante riff caçador metódico
Do bracabraque da bateria:
Amplificadores em tão alto volume
Ribombando as caixas de áureo negrume
Que de um Titã os tímpanos se romperiam!
Sou um Romântico, mas não um romântico
Que canta amores de bar e motel:
Sou um Romântico de alma quântica,
Sou um Romântico heavy metal!