Em paralelo ao estudo da belíssima “Divina Comédia” escrita por Dante Alighieri, meus filhos e eu estudamos também a obra “Formação da Cidade Cristã” do historiador e filósofo argentino Rubén Calderón Bouchet.
Nesta obra, o autor apresenta historicamente a formação do pensamento cristão desde sua origem até o final da Idade Média. O primeiro capítulo trata da relação entre a Igreja e o Estado na época dos mártires. Introduzindo a doutrina política dos Santos Padres, discorre sobre a lei natural e o direito, a igualdade natural e a escravidão e o governo e a teoria da propriedade. Noções fundamentais agora constantemente deturpadas pelas ideologias modernistas e pós-modernistas.
O segundo capítulo trata essencialmente da conversão de Constantino e das consequências políticas da relação entre a Igreja e o Estado. No terceiro capítulo, Rubén Calderón Bouchet apresenta o pensamento político de Santo Agostinho e sua contribuição fundamental como fonte de inspiração para a cultura medieval. Nos capítulos quarto e quinto, o autor aborda o surgimento da vida monástica e a conversão dos francos.
Mais adiante, no sexto capítulo, o autor discorre sobre os carolíngios e sua influência sobre a propagação da filosofia cristã e da cultura medieval. Finalmente, no último capítulo, o autor expõe a teoria geral dos Estados do século X ao XII, reforçando o entendimento da filosofia cristã medieval sobre “A lei natural e a igualdade”, “A natureza e igualdade política”, “A teoria do direito Divino”, entre outros conceitos fundamentais.
O objetivo do estudo desta obra específica de Calderón Bouchet é justamente compreendermos quais eram os princípios filosóficos e morais do período medieval e compará-los com o estado de decadência moral relatado no final do século XIII e início do século XIV por Dante em Florença, sua cidade natal. Dante Alighieri foi um escritor, poeta, pensador e político católico com profundo conhecimento na filosofia tomista. Por conflitos políticos, foi injustamente condenado ao exílio.
No estudo de ambas as obras, é perceptível que o homem medieval tinha plena consciência do seu fim último, assim como um profundo entendimento da noção de Ordem Natural e Bem Comum.
Para o estudo específico da Divina Comédia estudamos obras complementares como “A vida de Dante” por Giovanni Boccaccio, a interpretação do professor católico Jason Baxter “A beginner’s guide to Dante’s Divine Comedy“, as obras “Literatura Europeia e Idade Média Latina” por Ernest Robert Curtius e “Em busca do paraíso perdido: As utopias medievais“, do professor Hilário Franco Júnior, que, mesmo não seguindo uma interpretação necessariamente católica, apresentam consideráveis reflexões para a compreensão da cultura e literatura medieval.