“O tempo prova os amigos como o fogo prova o ouro”

Exercício de ampliação por Géssica Hellmann

O verbo “provar” é aqui empregado duas vezes para comparar a ação do tempo e do fogo, e os objetos da amizade, com o ouro. O verbo “provar” apresenta o sentido de “evidenciar”, “testar”, “revelar” e “distinguir” o verdadeiro valor da coisa provada. O ouro, encontrado na natureza repleto de impurezas, deve ser “provado” pelo fogo para manifestar seu verdadeiro valor. O ouro, aqui, simboliza a riqueza e o tesouro da verdadeira amizade.

Os amigos verdadeiros também se revelam com o tempo. É a constância da virtude da amizade cultivada ao longo do tempo que manifesta a sua grandeza. (Eclesiástico 6,14)

É através da convivência ao longo do tempo que poderemos distinguir as lídimas amizades daquelas aparentes ou ilusórias. O convívio, neste sentido, é necessário para provar em quais alicerces se baseia a amizade. Se a amizade é fundamentada apenas na utilidade ou no prazer, geralmente não resiste às provas do tempo pois, ao não ser mais útil ou prazeroso, se dilapida com extrema facilidade. Já a amizade fundamentada na bondade, cultivada por pessoas igualmente boas, resiste aos percalços que o destino nos lança.

Quantas vezes, em nossa infância ou juventude, acreditamos ter muitos amigos mas, por falta de discernimento, não sabemos julgar com clareza a real qualidade moral desses “amigos”. E, mais adiante, por qualquer contratempo, revelam-se como pirita: o ouro dos tolos.

A genuína amizade, segundo Aristóteles, é aquela cultivada entre homens verdadeiramente bons e afins nas virtudes. Ou seja, são amigos aqueles que têm uma “áurea alma”, que são bons e cultivam virtudes semelhantes. A bondade é um valor absoluto, uma qualidade duradoura daquele que é bom, honesto, generoso, benevolente, que tem a alma reta e digna e se dispõe a ajudar o próximo. Neste sentido, a verdadeira amizade pressupõe o cultivo e a vivência de virtudes e o amor ao próximo.

A comparação apresentada na sentença que abre este artigo, também designa que as amizades verdadeiras são bens raros e preciosos, e quando provadas, devem ser guardadas e nutridas como tesouros em nossas almas.

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