Serpente pérfida

No bafio tímido da fraca chuva
Eriçam-se as folhagens do outono fero;
Faces sombrias, mudas enquanto espero
Feridas donzelas que meus passos julgam.

Dos golpes e estocadas as dores uivo
Sob os beijos quentes das pontas de ferro:
Malgrado a marcha aflita que a sorte enterra
Minhas pegadas: perdidas nódoas ruivas.

O desejo vívido que a carne açula,
Perverso estandarte que o mundo tremula,
Serpente pérfida que a meus pés sibila:

Num segundo crava sua presa aguda
Na carne que implora e grita por ajuda
Contra o mal e contra todos que o prefiram.

1 comentário

    • Luiz Alberto Quadros Gonsalves em 11 de novembro de 2021 às 20:38
    • Responder

    Múltiplos e sinceros parabéns!
    Li três vezes para degustar as tuas letras e aguçar a minha interpretação.
    Simplesmente maravilhei.
    Forte abraço e parabéns!

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