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Triolé Verde e Amarelo

País entregue à roubalheira,
Entre os países condenado,
Nas mãos de elite cangaceira,
País entregue à roubalheira;
Inocentados de primeira
Metem as mãos nos governados;
País entregue à roubalheira,
Entre os países condenado.

Pouco se dá a quantos morrem
Desalentados com COVID,
Azar daqueles que os socorrem!
Pouco se dá a quantos morrem;
No lixo vacinas vencidas,
Problema de quem perde a vida;
Pouco se dá a quantos morrem
Desalentados com COVID.

Livres em todas as instâncias
Para roubar cada centavo,
No cidadão engulhos, ânsias,
Livres em todas as instâncias.
Soem sirenes de ambulâncias
Para salvar o povo escravo;
Livres em todas as instâncias
Para roubar cada centavo.

Rapina

Se o ventre seco da pátria carcomida
Gesta os ratos e vermes que irão roê-la
Gemer meus cantos à decadente estrela
Não devolverá seu corpo morto à vida.

As estruturas podres não lhe dão saída:
Colapso iminente aguarda a todos nela
Que seu cadáver deploram na capela
E em vão imploram por pratos de comida.

 

Teus coveiros imponentes salivando,
Revoam sorrisos da rapina em bando,
Sem temer os ventos ou as tempestades;

Se haverá bom termo, não sabemos quando;
Envergonhamo-nos do semblante brando
Com que ostentam infinita impiedade.

As feras da cidade

Entre os gritos da liberdade
E dos tiranos os sussurros
De mil tochas as chamas ardem
No peito dos homens maduros.

Na política da cidade
Entregue às garras dos impuros
Morrem 2 mil a cada tarde
E as feras rosnam, rugem, urram!

 

 

Do que seria o paraíso
Transmutado num cataclismo,
Não há fuga, consolo ou bálsamo:

Caprichosos e sem juízo
As portas abrem ante o abismo,
Armando-nos o cadafalso.

CPI da COVID-19

Orgulhoso de sua pequenez,
Pratica mais uma bufonaria:
Aquilo que jurou que não faria
Revela ao Senado tudo o que fez.

Horrível carrasco, injusta altivez,
Porta-cadáver da cavalaria:
Desonrado pelo que não diria
Que lhe resta? Um, dois dias? Um mês?

Que sua pena modelar denote
Epílogo das evitáveis mortes,
Despotismo que se esvaia num uivo;

A mão forte da Alta Casa o derrote,
Libertando-nos deste vil garrote
Que nosso solo retinge de ruivo!

Por Senado Federal from Brasilia, Brazil - CPIPANDEMIA - Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=104919657

Por Senado Federal from Brasilia, Brazil – CPIPANDEMIA – Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, CC BY 2.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=104919657

 

Só resta

E Dado
que tudo
sucede
à moda
dos maus;

E Fatos
absurdos
impelem
a roda
do caos;

E Raios
agudos,
procelas
à volta
do cais;

Lacaios
sanhudos
querelam
revoltam
sem paz;

Os Ratos
miúdos
laceram
as rosas
sem mais;

E Gatos
testudos
operam
sabotam
finais;

Só resta
o amor
de Deus.

Coronavac

A esperança de vida se chama
Coronavac!
Medo! Virem jacaré os que amo,
Vá que!

Sôfrego anseio a agulhada bendita
No braço.
Da trilha dorida à sorte desdita
Não passo.

De chineses talentos a Ciência —
Toque de gênio! —
O Brasil se ampara contra a carência
De oxigênio.

À Sinovac meu corpo todo grita
Muito obrigado!
E a Deus peço a indulgência imerecida
A todo o gado!

As mãos e o povo

A mão Esquerda furta e trapaceia
Quer ser de ferro, lúbrica e fatal;
Mão do desterro, célebre no mal,
De desespero, trai-nos em sua teia.

A mão Direita, cobra sorrateira,
Da Liberdade quer ser a fiscal;
Da santidade a única e final
Embaixadora, última e primeira.

No centro, a voz agônica do povo
Eleva aos céus sua fé no amor de Deus;
Clama e pranteia, em chamas, por um novo

Porvir brilhante e próspero pros seus,
De leite e mel, liberto, sem estorvo:
Mas o Centrão só quer não mais ser réu!

A Guerra dos Aletômanos

De mitômanos arrodeados –
Qual de gregos os muros de Troia –
Fustigados por todos os lados,
Impenetráveis à paranoia:
Os aletômanos e aletófilos
Forjam espadas dos argumentos
Contra os sofismas mais estrambólicos
Qu’em cavalgada parem tormentos.

À carga! Velhacarias e memes,
Chovem setas, dardos de fake news*:
Nenhuma patifaria temem
Os que à Verdade encaram nus!
Aríetes humanos deveras
Remartelamos com nossos cérebros
O que se olvidaram nestas terras
Os que fazem da Razão um féretro!

Contra as massas de mentes estultas
Embebidas da mentira o heléboro
Nossas palavras são catapultas
O elixir que as salvará do Érebo!
Mas como a Verdade menoscabam,
E a toda Ciência prostituem,
E a toda Razão já destroçaram,
E toda malvadeza instituem,

Não há perspectiva de paz
Em qualquer direção no horizonte
Porquanto um bombardeio de “mas” –
Óbolos à bolsa de Caronte! –
Escudará os peitos refratários
À oferta de luzes do Ocidente:
Cedem suas almas aos sicários
Do vírus pulmonar do Oriente.


* Pronuncie “feicnuls”, não “feikinils”.

Jardim de Bárbaros

Febris, os dedos do jardineiro louco
Semeiam hordas, vis, incivilizadas;
O solo rega com sangue sobre os ouros
Rúbio incêndio que perfaz, de tudo, nadas.

Entre sedosas multicolores goivas
Rugem coturnos: eis que lá vêm os godos!
Com beijo fátuo anunciam os sândalos
Outra investida de Genserico Vândalo.

O povo dança; nos cabelos, camélias;
Rendem seus louros aos louros da Suécia.
Buquês, coroas, de alvas margaridas
Enfeitadas, saúdam os teutonidas.

De vida efêmera similar a lírios,
Perece a pátria, ferida de aço sírio.
Canoro fumo d’eflúvias alfazemas
Envolve as velas da frota sarracena.

Segamos vivos ramos de violetas,
Cegamos, frios, às mortes violentas,
Nação defunta; ó aroma dos cravos:
Visão profunda de uma Roma de escravos!

Duelo poético

Meu amigo, o poeta carioca vascaíno Vinícius Lopes Santa Rosa, publicou em seu perfil no Facebook um curto poema sobre o Brasil. Decidi responder de forma bem-humorada, em versos. Seguiu-se um divertido “duelo poético” na seção de comentários do poema original, que reproduzo a seguir, com autorização expressa do Vinícius. A intenção, obviamente despretensiosa, era nos divertir e exercitar a expressão de ideias em linguagem poética.

Vinícius Lopes Santa Rosa:

Ó terra,
Ó terra Brasilis, quanto de teu mal
Não são virtudes de carnaval?

Vale a pena? Nada vale a pena,
Quando a carne não é pequena.

Alexei Gonçalves de Oliveira

Brasil, do meu arrebol,
De teus males, quantos advêm
De teu amor pelo futebol?

Vinícius Lopes Santa Rosa:

Ó compatrício
Patrício, quanto de teu asco
É de frustração com nosso Vasco?
Deixai de lado teu furor e tédio
Para que manumite o ludopédio!

Alexei Gonçalves de Oliveira

Ensurdecido e cego
Pelo brilho da bola
Embravecido negas
Quão dementes e tolas
Qual cabeças de prego
Os debates que rolam:
Envaidecidos egos
Esquecida gaiola
Na ardente refrega
Das correntes argolas.

Vinícius Lopes Santa Rosa:

Nada nego disso dito.
Contrário! Tudo endosso!
Contudo, de outra digo.
D’além do cárcere nosso!

Falas de tempo estulto.
Eu já não trato de razão!
Clareias o ato inculto.
Eu escancaro a paixão!

“Tudo ou nada” pergunto.
Faço três vezes “Casaca”!
Com essa turma me junto.
Breve tempo de fuzarca!

Vasco!
Vasco!
Vasco!

Alexei Gonçalves de Oliveira

Se a bola discutes
Pela paixão
Teus pensamentos são chutes
Perdeste a razão!

Quem ama um escudo de time —
Empresa privada com fins lucrativos —
Perdoa em seu nome um crime
Contra a pátria de que somos nativos!

Discussão é treino;
O raciocínio, o reino
De serenidade;

O futebol, paradigma
De tudo o que indigna
A racionalidade!

Vinícius Lopes Santa Rosa:

Provastes teu argumento.
Mas o que faço eu com a bola?

Culpado! Confesso!
Sem rima! Sem verso!
Dos chutes não meço!
Mas crimes despeço
A imputação! Cesso!

Triste tua constatação!
Cravastes mais ainda
O punhal de tua razão!

Dó! Dó de tu e de tua
Tão certeza! Crua e nua!
Só! Tu que flutuas
Em tristeza!
Bola que rola na rua!
Dá Beleza!
Dá um tanto de imaginação
Qual pulsa imortal paixão.

Poemas