De um sonho de rei em seu trono assentado
A bobo da corte deixado de lado:
As plantas dos pés dilaceram espinhos
De sangue umedecem o pó do caminho.
Frustrado desejo em ferro algemado
Incita inclemente famélicos brados:
Sufocam-se mudos num redemoinho
De brasas que crestam sudários de linho.
Das lágrimas, do suor da meia-noite,
Feridas lancinam as dores do açoite
Inclemente, descartado à própria sorte.
Amanhece a esperança cruel, tão forte,
Mas não permito que o coração se afoite
Pois traz nos ombros de ceifeira a foice.