Ensinando uma criança a pesquisar

Em nosso último artigo tratamos sobre o caminho para o aprendizado autodidata. Como afirmamos nesse último artigo, para um crescimento intelectual produtivo, devemos começar por fortalecer a base de conhecimentos de nossos filhos integrando disciplina, repetição, memorização e exercícios com dificuldade progressiva.

Na fase gramatical, que ocorre geralmente entre os 6 e os 11 anos de idade, devemos nos concentrar no ensino do idioma, garantindo que a criança aprenda a falar e escrever corretamente, além de exercitar a memorização de  definições dos principais conceitos estudados nesse período. Após a fase gramatical, vem a fase lógica, que se desenvolve geralmente entre 12 a 14 anos, sendo nesta fase que as crianças começam a conectar fatos, conhecimentos e ideias.

O período de transição entre a fase gramatical e a fase lógica da educação clássica – um período que pode variar em função da maturidade de cada criança, comumente entre 9 e 11 anos de idade – é o momento ideal para instigar em nossos filhos o desejo de saber mais sobre o que aprenderam, despertando na criança a consciência da importância da pesquisa na busca do conhecimento.

Mas em que sentido devemos ensinar nossos filhos a “pesquisar”? Segundo o dicionário Priberam o termo “pesquisar” significa “indagar, investigar, procurar com diligência”. No sentido mais simples, “pesquisar” é arregaçar as mangas e fazer um esforço extra para aprender o que ainda não sabemos!

Assim, como introduzir a pesquisa no desenvolvimento intelectual de nossos filhos? O primeiro passo é entender que, no seu nível mais elementar, “aprender a pesquisar” é (1) aprender a fazer perguntas e (2) procurar fontes que contenham as respostas. Essas fontes podem ser as mais variadas, incluindo livros, filmes e documentários, artigos, entrevistas, enciclopédias, entre outras.

Logo que o nosso mais velho completou 9 anos, colocamos à sua disposição um notebook e o ensinamos a usar a ferramenta de pesquisa do Google com o recurso Safe Search ativado, para garantir sua segurança no ambiente online. Em seguida, ensinamo-lo a pesquisar e navegar pelos verbetes da Wikipedia, chamando sua atenção para o fato de que um link presente em um dos verbetes poderia levar a outro verbete, e a ainda outro verbete, num processo interminável de aquisição de conhecimento.

Nosso intuito ao apresentar a Wikipedia não era transformá-la em sua fonte de informação primária, nem entendê-la como fonte totalmente confiável, mas fazê-lo entender que uma resposta pode levar a outra pergunta, e essa resposta pode levar a indagações ainda mais profundas.

Qual não foi minha alegria, ao perceber que ele, agora, dedica algumas horas de seus momentos de lazer pesquisando os seus temas de interesse pessoal: um personagem favorito de um livro, um herói de quadrinhos, um filme a que assistiu. Ao entender o processo da pesquisa, ele, por iniciativa própria, começou a procurar filmes educativos e documentários no Youtube sobre História Antiga.

Foi nesse momento então, que lancei o desafio de fazer uma pesquisa sobre o Antigo Egito, já que era esse o assunto que estávamos estudando em nossas leituras em voz alta.

Planejamos o projeto de pesquisa para ser realizado durante duas semanas. A cada dia, ele teria o desafio de pesquisar e escrever sobre um determinado aspecto do tema “Antigo Egito”.

O segundo passo foi definir os “assuntos” a serem pesquisados. Para os assuntos, aproveitamos o projeto de notebook sobre o Antigo Egito encontrando no blog Iman’s Home-School.

O terceiro passo foi apresentar a ele diferentes fontes para pesquisa:

– Meu primeiro Larousse da História
– Explorando o passado (Coleção O mundo da criança)
– Os 24 volumes da Larousse Cultural
– Wikipedia
– Youtube
– Netflix
Enciclopédia online Britannica Escola

O primeiro assunto pesquisado foi o Rio Nilo. Elaboramos juntos, então, algumas perguntas, como “Onde fica o Rio Nilo?”, “Onde nasce e onde deságua?”, “O que vem a ser o delta do Nilo?”, “Qual a importância do Rio Nilo para a civilização egípcia?”, “O que era o nilômetro?”, “O que acontecia com as margens do rio quando as águas baixavam?”. Na sequência ele procurou as respostas em diferentes fontes e escreveu um parágrafo para cada uma.

A cada novo assunto pesquisado, ele recebe um incentivo adicional para fazer suas próprias perguntas. Nesse processo, além de aprender a pesquisar, meu filho tem exercitado o vocabulário e a redação já que, sem perceber, ele tem redigido de uma a duas páginas de texto original por dia.

Veja a seguir algumas das imagens que documentam o projeto sobre a pesquisa do Antigo Egito:

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Antigo Egito

Projetos de lapbooks e notebooks são ótimos recursos para auxiliar nossos filhos a aprender a pesquisar. Livros, filmes, visitas a museus também são excelentes fontes de pesquisa.

É importante destacar que, na fase gramatical, o importante é a memorização de fatos, acontecimentos, personagens importantes, informações: quando foi, quem fez, o que aconteceu. Desta forma, quando você for auxiliar seus filhos na elaboração de suas primeiras pesquisas, vença a ansiedade e evite incluir questões que necessitem de “conclusões profundas” e conexões complexas entre fatos, pessoas, lugares e acontecimentos.

Pedimos a proteção de Nossa Senhora para continuarmos a crescer juntos na busca pela Verdade Valorizando o Conhecimento!

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