“A escrita é fruto do estudo“: é o que nos ensinam São Jerônimo e Gilberto de Tournai. Mais do que consequência natural, a escrita é parte essencial do processo de aprendizagem. Ao estudante, de forma geral, recomenda-se:
1 – Leitura minuciosa
2 – Sumarização dos capítulos (exercício primário de escrita)
3 – Divisão esquemática dos capítulos
4 – Meditação e exercício de ampliação (Composição textual).
Uma leitura minuciosa exige que façamos anotações de referências cruzadas com outras obras e autores já estudados, assim como o destaque dos principais conceitos e ideias abordados em cada capítulo. Também é aconselhado, nesta fase, colher belas sentenças enunciadas pelo autor. Este exercício de anotar “sentenças” é comumente denominado de “commonplace book”, ou seja, reunir e classificar em um caderno as mais belas sentenças dos grandes autores.
Após a leitura, é recomendado que façamos a sumarização das principais ideias expostas a cada capítulo. Essa sumarização pode ser redigida em formato de parágrafo. Na sequência, é essencial para o entendimento do texto que façamos a divisão dos capítulos: Quais são as partes gerais? Quais são as suas subdivisões? Essa divisão esquemática nos permite memorizar a estrutura de cada capítulo do livro e a exposição de suas principais ideias.
Com a estrutura bem clara em nossa memória, prosseguimos ao exercício de uma análise mais aprofundada: a meditação sobre os assuntos abordados pelo autor, suas consequências lógicas, comparação com a realidade circundante, com nossa própria experiência e conhecimento anteriores. O fruto desta meditação é impresso em nossa alma, com maior eficácia, quando fazemos um exercício de escrita posterior, também chamado de exercício de ampliação, a composição de um texto que amplia e analisa profundamente alguns dos conceitos, ideias ou sentenças que mais nos impactaram ao estudar a obra específica.
Todos esses passos também estão inclusos no processo de memorização. O cultivo da memória, como entendido na educação medieval, era muito mais do que decorar uma lista de palavras ou sentenças, pois compreendia o ato de meditar profundamente sobre um assunto, capacitando-nos a compor em nossa mente e a registrar por escrito nossa reflexão interior. A memorização, nesse sentido, é parte essencial do aprendizado; consiste na capacidade de meditar, ampliar e expressar uma ideia em profundidade, visando à impressão desse conhecimento adquirido em nossa própria alma. Por isso, a escrita é fruto e parte essencial da vida intelectual.