Programa de Composição Clássica: O lapidar de escritores

Programa de Composição Clássica

Emanam criatividade os textos compostos pelos estudantes do Programa de Composição Clássica Ano II. É sempre com grande júbilo que acompanhamos o lapidar de jovens escritores. Contemplem a seguir, as composições de Maria Cecília, 16 anos, e de Tomás, 15 anos.

Maria Cecília nos apresenta, em seu belo texto, um estilo emocionante e maduro, superior ao da maioria dos adultos na atualidade. A jovem escritora demonstra não apenas grande sensibilidade, mas um domínio incomum da sintaxe e da Gramática.

 

Vigília Pascal

por Maria Cecília.

Era uma noite diferente. Não havia jantado, mas não me faltava energia! Dezenas de carros chegavam, um após o outro e, deles, cada vez mais elegantes, saíam famílias, moças e rapazes.

A entrada da nave da igreja-matriz da paróquia, em aparência, nada diferia do normal. Porém, o ar gelado da noite, a luz intensa da lua e os sorrisos nos rostos de cada fiel eram adorno suficiente para um evento, por si mesmo, tão belo. O Altar, majestoso, erguia-se no centro da igreja com belíssimas flores coloridas e, à sua frente, o círio pascal.

Todo o ambiente, bem como a preparação dos dias anteriores, davam um ar ameno ao evento, e a expectativa da ressurreição de Nosso Senhor deixava um sentimento tranquilo, alegre e ansioso, do tipo que nos faz contemplar a vida que uma vez nos foi dada e ali era renovada.

 

O estilo de Tomás, por sua vez,  demonstra excelente domínio das figuras de linguagem e fértil imaginação.

O Jogo

por Tomás

Estava quente; abafado como se não houvesse mais ar inalável. O jogo estava preso! Qual intestino quando se come muita farinha – foi a comparação mais propícia que encontrei…! O ginásio transbordava e as televisões já tornavam a envaidecer-se pelos numerosos olhares que se voltavam atentos para a final.

Os altos jogadores, já angustiados, pareciam fontes de água salgada; os reservistas, como que retornados da guerra. O empate era vacilante qual barco em meio às grandes ondas. O ouro, já repousado, seguia a bola com o olhar, entre singelas esperanças. Quão apertada estava a indecisa partida de vôlei!

Entre idas e vindas, a espera espremia. O ouro, mimoso, desviou o olhar. Quando, pelos espasmados gritos, tornou a olhar, viu, finalmente, a quem o entregariam. O ponto foi marcado; os torcedores repousaram. Tu, ó leitor, experimentaste também o vacilo e a ansiedade, quando pus, já mui tarde, o esporte do qual tratava este  texto?

Vias Clássicas Valorizando o Conhecimento