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ago 19
Um viva a nós, os tímidos, os introvertidos!
Mas um viva silencioso, discreto, sem espalhafato:
Um viva de olhares de esguelha e meios sorrisos de comissura;
Um viva sem fogos, brindes, aplausos ou gritos;
Um viva de olhar submerso no fundo do copo;
Um viva invisível ouvido no íntimo;
Um viva oculto, tímido, introverso;
Mas, assim mesmo, um viva,
Pois, assim mesmo, bem viva,
Pois, assim mesmo, Deus nos fez
Vida: viva!
ago 18
Ele mente, tu mentes, eu não minto,
Debate sem debate, que teatro!
Na TV espolinhando-se os helmintos
Cínicos facínoras: candidatos!
Das perfídias e dantescas insídias
Cujos rostos mascaram-se em acrônimos;
As falsídias e andrôminas desídias
No eleitor provocam ânsia de vômito!
Ó destino que se augura ominoso
Aos que escolherem uma entre as raposas
Que os dentes cravarão em nossa carne:
Do poder ilusionista do marketing
Eleitoral, bico doce e voz acre,
Contra seus ardis: eleitores armem-se!
ago 16
Imn lui Ştefan cel Mare (Vasile Alecsandri) |
Hino a Estêvao, o Grande (Tradução de Alexei Gonçalves de Oliveira) |
La poalele Carpaţilor, Sub vechiul tău mormânt, Dormi, erou al românilor, O! Ştefan, erou sfânt! Ca sentinele falnice Când tremurau popoarele Cu drag privindu-ţi patria În cer apune soarele Prin negura trecutului, În timpul vitejiilor, O! mare umbră-eroică, În poalele Carpaţilor, „Un gând s-avem în numele |
Ao sopé dos Cárpatos, Sob lápide veneranda Dormita, dos romenos bravos, Ó! Estevão, viril e santo! Qual sentinela garbosa Quando tremia o populacho Com amor tua pátria vigiaste No céu põe-se o sol Pelas névoas do passado Nos tempos de maior bravor, Ó! Grande sombra heroica, Ao sopé dos Cárpatos, “Uma ideia para ter em nome |
ago 16
Father and Child William Butler Yeats |
Pai e Filha (trad. Alexei Gonçalves de Oliveira) |
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She hears me strike the board and say That she is under ban Of all good men and women, Being mentioned with a man That has the worst of all bad names; And thereupon replies That his hair is beautiful, Cold as the March wind his eyes. |
Ela me ouve golpear a mesa enquanto digo Que sua pena é ser banida De todos os justos homens e mulheres Por mencionar-se junto a um homem cuja vida Ostenta a pior entre as más famas; E, a tudo isto, repele: Que dele os cabelos, tão lindos, e Quais de março o vento, os olhos dele, gelam-na. |
ago 15
Cara Justiça deâmbula e pávida
Expõe-se nua carne à chuva e ao frio:
Em sangue vivo sua pele pálida
Franqueia as fauces ao que a desafia.
A fina seda que seus olhos vela,
Desprezo rude que mal acoberta
Desinteresse por mortais querelas
Nem elegias teu amor desperta.
Ao clamor dos lares por mais justiça,
Conclama célere os magarefes
De mantos negros em blasfema missa:
Sessão solene do STF!
ago 11
“Alhú, Alhú”! – o arcanjinho lamenta
A mãe a luz apaga.
“Áua, áua” – o arcanjinho sedento
O pai dá-lhe a água.
“Caiú, caiú” – o arcanjinho derrama
A mãe pega e ralha.
“Acaá, Acaá” – o ancanjinho conclama
Mano Martin não falha.
“Acaé, Acaé” – o arcanjinho convoca
Michael não se cala.
“Brrrum-brrrum” – o arcanjinho desloca
O carrão pela sala.
“Papai, papai” – o arcanjinho reluz
Papai embala sua dor.
“Mamãe, mamãe” – o arcanjinho seduz
Colhe e entrega-lhe a flor.
“Bambãe, Bambãe” – o arcanjinho sorri
E corre para o banho.
“Mimi, mimi” – o arcanjinho sem manha
Vai para a cama dormir.
ago 07
O admirado, naquela tarde,
ao curioso cedeu o passo,
E junto ao ícone, soou alarme,
“Como cometes tamanha graça?”
E nessa noite, vagiu o poeta;
A nota rútila, cantou o músico;
A pátria atônita adulou o atleta;
E o curioso, admirado lúcido,
Calcou no palco o primeiro passo!
(Dedicado a Joselias Souza)
ago 03
Abrolhando de sementes viperinas,
Juventude em flor amara desabrocha:
Franzindo o cenho, intumescendo as narinas,
O que não destróis, sucumbe a teu deboche.
Entoas sério como solene jura
A radicalidade dos áureos tempos!
Render-se aos fatos, retruques ou censuras?
Nunca! Pois julgas domar moral e senso
Sob relho de mundana ideologia,
Castrando as massas, substituindo o povo
Pelos mais profanos absurdos critérios:
Genocidas recebem teus elogios,
Pervertidos exaltas sem dó ou nojo,
Só aos santos diriges teus vitupérios!
jul 28
A meus alunos tua leitura recomendo
Pela graça e estilo que teu texto ensina –
Pois acima e antes, és um escritor! –
Pela Lógica e Justiça de teus argumentos,
A partir de preferências cristalinas
Facilmente aferíveis pelo teu leitor.
De tuas ideias, não concordo, não discordo –
Não é este o caso! –
Sem valorá-las, reconheço seu valor,
Pois se minha Musa fosse a mesma que te acorda
– da aurora ao ocaso! –
Que tens razão concluiria, indolor.